quinta-feira, 19 de março de 2009

Silêncio e paciência

Abaixo, trechos de duas matérias sobre Delúbio Soares e Ricardo Berzoini.

A primeira, do Estadãoo, é de outubro de 2005. Ela foi resgatada para nos ajudar a entender a segunda matéria, que é da Folha de S. Paulo de hoje.

Os grifos são meus. A falta de vergonha na cara, o silêncio e a paciência são petistas.

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Denúncias serão esquecidas e vão virar piada de salão'

O Estado de S. Paulo - 16/10/2005

Em conversa exclusiva com o "Estado", ex-tesoureiro do PT revela que trabalhou para eleger Berzoini presidente do partido

BURITI ALEGRE - Afastado das badalações do poder, dos eventos partidários e das páginas dos jornais, o ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, em conversa exclusiva com o Estado, no último sábado, reavaliou a crise da qual é personagem-chave e revelou que não só trabalhou para eleger Ricardo Berzoini, como ficou muito feliz com sua eleição à presidência do PT, a despeito de o novo presidente defender a sua expulsão do partido. Ele acha que as denúncias que o atingiram e ao PT "serão esclarecidas, esquecidas e acabarão virando piada de salão".

"Eu não vou deixar de ser militante do PT. O PT não é um partido, é meu projeto de vida. Sou fundador, dirigente nacional e militante há 25 anos", protestou. Delúbio afirmou que elegeu o tempo como aliado. "O tempo é o melhor remédio. Não é hora de falar, e sim de esperar o tempo passar e aí ficará provado que eu não errei", previu.

(...)

Quanto ao PT, Delúbio parece admitir que sua expulsão é inevitável, mas acredita que o revés será passageiro. "Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão", apostou.

Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido

Folha de S. Paulo, 19/03/2009

Ex-tesoureiro foi expulso da legenda no auge do mensalão, em 2005; decisão depende de votação do diretório nacional

Tesoureiro do PT durante o escândalo do mensalão, Delúbio Soares pediu para voltar ao partido. A cúpula simpatiza com o retorno, que depende de votação do diretório nacional.

Em carta de três parágrafos entregue ontem ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu uma pena dura e que merece uma segunda chance. À tarde, o ex-tesoureiro visitou gabinetes petistas no Congresso, num lobby pela sua reabilitação. Não deu declarações, só sorrisos.

Berzoini prometeu a Delúbio, expulso no auge do escândalo, em 2005, que colocará o pedido em votação na próxima reunião do diretório, em maio. O deputado preferiu não comentar ontem o assunto: "Tenho a obrigação de conduzir esse processo, portanto, não falo sobre seu mérito".

O mensalão foi revelado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em entrevista à Folha, em junho de 2005. Na essência, foi um esquema de repasse de recursos do PT, coordenado por Delúbio, para deputados do partido e de legendas aliadas ao governo. O dinheiro era canalizado pelo publicitário Marcos Valério.

Há pelo menos um ano Delúbio vem pavimentando seu retorno ao PT. O ex-tesoureiro viajou para vários Estados organizando plenárias com a militância, nas quais propagandeava sua lealdade ao partido que ajudou a fundar e a suposição de que nunca se beneficiou do esquema. Nas entrelinhas, o recado era o de que assumiu o ônus da culpa calado.

5 comentários:

Gili disse...

NG,

Permita-me sugerir um complemento: o silêncio não é apenas petista, mas também da suposta oposição.

Um abraço,
Gili

Paulo Araújo disse...

O filme é antigo: A volta dos que nunca não foram.

Abriram a porteira para o Collor e agora é assistir a manada passar inteira. A ver.

eduardo branco disse...

no fundo, no fundo
todos mundo já sabia que isso iria acontecer

HAGG disse...

O Brasil se transformou em um interminável filme B de terror - O eterno retorno dos mortos-vivos.

Adriano disse...

Não só da oposição. Do colunismo político também. Mas desse já era esperado.