segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Problemas no paraíso: Marina, Eduardo e a arte de unir as semelhanças

Pelo jeito, já começaram os problemas no paraíso.

Matéria de hoje da Folha de S. Paulo  dá conta de que as diferenças entre Eduardo Campos e Marina Silva começam a se sobrepor à imagem de total integração, construída artificialmente - e às pressas -  no início de outubro:

"A discordância ocorreu em um encontro há uma semana, véspera do ato em que PSB e Rede Sustentabilidade, o partido de Marina, começaram a discutir as bases para construir um programa único das duas forças políticas." (Clique aqui para ler na íntegra)

Embora  tenham começado um pouco antes do que se imaginava, os problemas eram mais do que previsíveis.A aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos nunca foi algo natural - a despeito do frisson de maior parte da imprensa, que vendeu a coisa como uma promissora novidade.

Ainda que ambos comunguem de um passado junto ao petismo, ainda que ambos tenham se mantido fiéis a Lula depois do mensalão, as semelhanças terminam aí.

Marina, a despeito da aparência dócil e supostamente democrática, sofre de um radicalismo que não lhe permite diálogos - basta lembrar a vasta lista, nascida nos primórdios da sua fundação do tipo de empresas cujas colaborações financeiras não seriam aceitas pela Rede. O termo "sonhático" grifado por ela não é mais do que um eufemismo para uma postura radical que, para ficar apenas no exemplo mais recente, fez estragos durante sua meteórica passagem pelo Partido Verde. Marina não dialoga. Prega. E com aquele tipo de fervor de quem apenas faz de conta que ouve seu interlocutor porque, na verdade, já vem para o diálogo sem a menor intenção de ceder. O radicalismo é traço forte da personalidade de Marina Silva.

Eduardo Campos é um político pragmático e experiente, do tipo que faz alianças com quem lhe permita atingir seus objetivos - e não é do tipo que rejeita apoios com base em princípios subjetivos. Dizem que é bom ouvinte, bastante flexível e que costuma escolher com cuidado suas batalhas - envolvendo-se apenas naquelas dais quais possam sair com alguma vantagem concreta. Se retirou-se outro dia da base do Governo Federal foi porque sentiu, a despeito de suas remotas chances pessoais,  que a permanência do PT no poder pode estar ameaçada. O pragmatismo é traço forte da personalidade de Eduardo Campos.

A imprensa sempre soube destas naturais diferenças entre Campos e Marina. Apenas comportou-se feito convidada elegante em um casamento de fachada, feito na correria: brindou e aplaudiu, evitando perguntas incômodas. Talvez tenha preferido acreditar que as diferenças seriam complementares. Ou simplesmente encantou-se com a beleza de festa.

Passada a lua de mel, eis que temos a realidade a atropelar o sonho. Primeiramente porque traços predominantes de personalidade são a matéria prima mesma da política - impossível prescindir deles. Depois porque em política personalidades muito diferentes não se complementam; entram em conflito. Finalmente porque a política é arte de unir as semelhanças - e não as diferenças.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alianças não são naturais, pelo menos aqui em banânia.
Veja o exemplo PMDB-PT, é antinatural, o PMDB é o genius loci do povo brasileiro, corrupto, fisiologista, interesseiro e acomodado, porém, a seu modo é conservador e se ainda não somos uma república bolivariana agradeça ao PMDB, um dia essa história será contada.

Concordo quando diz que Campos e Marina são costelas do PT, mais do que isso, são ideologicamente petistas que resolveram trocar a cor da camisa e o grito de guerra da torcida, mas o esquema tático continua o mesmo.

Discordo quando diz que política é a arte de unir semelhanças, acredito que é a arte de administrar diferenças, tendo em vista que Collor, Maluf, Calheiros e Sarney hoje fazem parte do projeto de poder do PT, acredito que meu argumento tenha força, muito embora saiba que a administração das diferenças é feita em papel moeda.

Infelizmente essa é a realpolitk tupinambá, temos uma geração de jovens imbecilizados por uma década de marxismo cultural e educacional e uma classe média cada vez mais distante da política, a TFP faz falta.
Na outro lado o numero de miseráveis só aumenta, alimentados por esmolas e estimulados a se reproduzir gerando novas levas de subcidadãos cuja existência se resume a votar no pt, segurar bandeirolas vermelhas e contar, sentados em suas casinhas sem reboco como lula os salvou, ganham uma bonificação se os olhinhos estiverem úmidos.

Na economia a equação tenebrosa vai se formando, as variáveis vão se tornando constantes da tragédia, a indústria encolhe a produção e as vagas ano após ano, a carga tributária continua escandinava e talvez caminhem para patamares soviéticos.
A tragédia humanitária chamada educação brasileira expele de seus intestinos massas amorfas incapazes de ler e escrever, como consequência a capacidade produtiva do trabalhador continua estagnada.
A associação dos impostos a mão de obra produzida no brasil sob a égide da CLT cria um dos mais hostis cenários a livre iniciativa no mundo, como resultado 85% dos jovens desejam ser funcionários públicos, afinal se você não tem acesso a BNDES, lobby para desoneração ou licitação garantida com o estado bem vindo a desolação das estatísticas do SEBRAE.
Para terminar o cataclismo temos um rombo enorme nas contas públicas, a balança comercial piora a galope, bolsa família e seguro desemprego começam a aumentar o rombo no orçamento, isso em um cenário de pleno emprego?, Selic 9,5% e PIB 1-2%.

E não se engane, quanto mais afundarmos mais a esquerda o pt vai. “Mão de obra” cubana, mais cotas, mais imposto, menos liberdade individual, censura na imprensa... etc...
A bolivarização é uma questão de tempo pra eles, esperam por isso há 40 anos, alguns a mais tempo.

Quem pode parar um partido que aparelhou todas as instituições democráticas, mantém 30% do eleitorado sob o cabresto da esmola, comprou boa parte da imprensa e dos artistas em um país cujo maior partido da oposição prefere a autofagia ao confronto?

As pessoas esquecem que democracias mais sólidas que a nossa já caíram sob bandeiras vermelhas.

Quem pode parar o PT?

J. Tavares.

Anônimo disse...


Quem pode parar o PT?
Resposta: Mestres como o nosso saudoso Tancredo e seus "alunos".